15 de dezembro de 2010

Tronco

   E existem esses dias. Quando a gente acorda e se decepciona com o mundo, como se por alguma razão ele nos devesse alguma coisa. Como se por alguma razão, ele fosse o responsável por segurar o tronco. Não, não é. Somos nós mesmos e os galhos, que chamamos de família, que devemos pro mundo.
   Peço desculpas, meu galhos enfraqueceram.

14 de novembro de 2010

Venda do livro

   Bom dia, pessoal!
   A partir de hoje já é possível comprar meu livro pela internet. Vocês podem comprar direto pelo site da livraria virtual da Editorama que é www.tmaisoito.com.br ou fazer o pedido pelo site da Livraria Cultura clicando aqui!
   O livro custa R$ 14,00 mais o frete, e pode ser entregue em qualquer parte do Brasil!
   Qualquer dúvida me avisem pelos comentários! :)

8 de novembro de 2010

Agradecimento

Bom dia!!!

   Eu quero de agradecer a todos vocês que compareceram no lançamento do meu primeiro livro, ontem à tarde na Livraria da Vila. Tivemos a presença de mais de 100 pessoas e uma ótima venda!
   Foi uma tarde maravilhosa pra mim e espero que pra vocês também! Vou postar algumas fotos agora e algumas mais pra frente. Por enquanto pra ver as fotos em tamanho grande vocês devem acessar meu Flicker clicando aqui. Pra quem tiver Facebook ou Orkut, é só clicar no meu perfil no link ali do lado e checar as fotos que já estão todas por lá!
   Pra quem não conseguiu ir e não pode comprar o livro, poderá fazer a compra pela internet, acredito que ainda essa semana!
   O livro estará disponível na Livraria Virtual da Editorama e custará R$ 14,00, pode ser entregue para todo Brasil, e o pagamento pode ser feito por cartão de crédito ou boleto bancário pela PagSeguro pra garantir o dinheirinho de vocês!

   Novamente muito obrigada pela tarde deliciosa e pela presença, estou com uma felicidade que não cabe em mim!








25 de outubro de 2010

Lançamento: Desinteresse Manso


Bom dia, queridos leitores e seguidores!

Venho com muita (muita, muita, muita mesmo!) felicidade convidar a todos vocês para o lançamento do meu primeiro livro, que leva o nome desse blog!

O livro é uma coletânea de alguns textos publicados aqui, junto com novas crônicas, inéditas, escritas especialmente para o livro.

Estarei na Livraria da Vila da Alameda Lorena, 1731, no dia 07/11/2010 das 16:00 às 19:00 dando autógrafos no piso superior.

Obrigada a todos vocês que estão sempre aqui comigo compartilhando desse desinteresse interessado.

Conto com vocês!

25 de agosto de 2010

Aguardo

   Eu estou a esperar que meus frios na barriga voltem. Sem eles sinto que não estou aqui e portanto oca. Sem, é claro, ser oca de verdade, já que não se retira de dentro o que uma vez já entrou.
   A vida marca, queima, deixa. Eu por enquanto guardo começos de textos e palavras que saíram sem se combinar. Eles virão depois, e virão bonitos em papel e capa.
   Por isso aguardo. Aguardo que enlouqueça a mim mesma pra poder finalmente sair de mim.
   Eu descobri que pra sentir a vida a gente precisa amar, até sufocar o estômago de medo do mergulho no abismo que amar significa.

5 de julho de 2010

Ferida

   Hoje vi o tempo ser traiçoeiro. Na verdade senti. Senti porque tenho uma ferida aberta faz algum tempo, e é uma ferida daquelas que não se curam. Esse tempo não sabe bem onde deve guardá-la, e por isso leva e traz quando achar que bem deve, e insiste sempre em colocá-la de volta no meu peito que já é inquieto por si só.
   Sonhei com inúmeras possibilidades pra reparar o que me fiz. Mas ela não vai, não passa, não fecha. E por isso finjo não senti-la. Pelo menos não quando me esforço muito pra viver a vida que ainda não se foi de mim. Gosto tanto de viver! De sentir os dias.
   Queria retratar melhor a ferida, parece-me que quando se divide as coisas com o mundo a dor fica mais leve. Mas não sei se posso. Trata-se de uma amargura não resolvida, algo que não posso lidar. Algo que preciso tirar do peito e do passado, sem tirar de mim. Transformar o ruim no bom, ou só esmagar esse ruim com o que sobrou do bom.
   Vamos à ferida. É minha e toda minha, penso que não se vai porque é secreta, e é secreta porque a fiz assim pra não morrer de vergonha de mim. Entenda que não posso pedir desculpas por ela!! Já estava aqui quando me dei conta do que era capaz, e deixei arder pra ver o quanto doía. Eu não conhecia, não sabia... mergulhei, quis ver mais. Pois veja, é como se eu gostasse dessa dor. Não, não da dor que machuca, mas da dor que se foi e deixou metade ainda viva.
   Por isso não posso pedir desculpas, afinal, a deixei viver aqui, é como um braço dentro do estômago. Um braço bem mais comprido que meus próprios braços, e que hora repousa satisfeito, hora explode meu coração entre os dedos.
   Só posso ofegar... ofeg... ofe...

10 de maio de 2010

Respiração branca

   Caso ele tivesse me ouvido. Foi pra isso que sentei no chão de neve. Estava muito escuro naquele beco, a não ser pelo poste de luz que parecia iluminar apenas a mim e ao meu casaco rosa queimado. Eu tremia de frio e me chacoalhava devagar tentando, de alguma forma, esquentar um pouco o meu corpo. Minhas bochechas rosadas começavam a se destacar mais na pele branca, era a falta de calor me queimando ironicamente. Meu lábios ardiam em vermelho de tanto que tirava peles ressecadas com os dentes. Puro nervoso.
   Eu queria virar pra trás e conversar com ele, olhando diretamente nos olhos, mas não me parecia justo uma vez que eu mesma nunca tinha visto seu rosto. Eu sentia saudades, é verdade. Mas só nessas noites de frio. Ele estava ali atrás de mim e eu podia sentir. De relance, também podia ver a fumaça de sua respiração. Não dizia sequer uma palavra.
   Insisti em perguntar: é você? Pra ter como resposta apenas um suspiro de susto e mais respiração branca perto de mim. Eu não queria mais insistir, eu não sabia mais enxergar. Era como se eu pudesse senti-lo em todos os outros lugares durante o dia sem sentir dor novamente. Mas eu sabia que na verdade, eu temia saber a verdade.
   Ele continuava atrás de mim, mudo, quase invisível se não fosse pelo "quase". E a outra também. Espionava-nos do telhado para saber se estávamos bem, sem sequer querer nosso bem.
   Levantei e continuei a caminhar no escuro molhando minhas botas pela neve. E ele também. É, ele também.

15 de abril de 2010

Sorriso enfim

   Acordei hoje de manhã com o maior sorriso que cabia em mim. Ele era tão grande, mas tão grande que até o meu coração parecia ter dilatado! Digo dilatado porque até agora ele está batendo tão vivo que eu mesma pareço não caber em mim. Chico me disse ontem pra reinventar o amor e o meu peito está em tamanha satisfação que não acho verbos e substantivos pra descrever!
   É claro que os que espiam minha fechadura sabem que não sou boa com as palavras felizes. Mas hoje a felicidade é tanta que estou nessa necessidade imensurável de dividir. Queria poder gargalhar pela janela e distribuir toda essa alegria pro mundo, como se uma onda de carinho dominasse tudo. Queria ver e sentir esse mundo sorrir comigo.
   Eu sou feliz por todos os mínimos detalhes que fazem de mim essa calmaria conflitante, e sou mais feliz ainda quando percebo que eu tenho os melhores amigos do mundo! Aqui, fora daqui, ontem, antes de ontem, hoje e amanhã! E que posso dizer com a boca cheia: eles são muitos!
   Eu tenho tanto amor em mim! Obrigada a todos esse nomes e rostos que acabaram de saltar aqui dentro. São vocês que renovam todos os dias minha paixão por estar viva e prestando atenção.

19 de março de 2010

Band-aid

   Pela segunda vez no ano, lá estava eu a observar um cenário sujo. E de novo eu era transparente e caminhava atrás do que via. Só que dessa vez, eu de fato estava lá, era eu, e me observava, e o observava também. Comunicavamo-nos apenas por olhares e silêncios.
   No parque de supostas diversões, o céu cor de rosa escorria em lilás; era quase noite. Não sabiamos onde caminhar já que quase não se via o chão por causa dos destroços de não se sabe o quê. As únicas luzes acesas eram as da roda gigante que piscavam ora vermelhas, ora amarelas. Era incrível que ainda houvessem pessoas ao redor dispostas a entrar em brinquedos enferrujados. E se eu não tivesse certeza de que não existia música nesse mundo, podia jurar que de trilha sonora tínhamos Iann Tiersenn.
   Paramos por uma voz que não reconheci, ele sim. Seguiu em disparada atrás do que ouviu. Eu, que nunca o havia visto correr, parei por alguns instantes antes de perceber que deveria segui-lo, e obviamente, me distraí com as cores, humores, e com a movimentação ao meu redor. Me dei conta de que estava perdida.
   Com os olhos rápidos de quem procura em desespero, percebi que eu me encontrava no meio de carrinhos rápidos e coloridos, que subiam e desciam, e que o mundo dentro desses carrinhos gritava uma felicidade ensandecida que não servia pra mim. Ele caiu lá de cima e bem na minha frente, com a blusa rasgada e sangue nas costas. Continuamos mudos. Mas ele gostava de band-aids e eu sempre os tinha na bolsa.

Mais uma noite de sono.

12 de março de 2010

Baú mágico

Distorço o mundo como quem não sabe ver puro, transparente. E a minha distorção é tanta e há tanto que não acho mais que possa caber na realidade. Atirei-me pra fora disso enquanto atiravam o pau no gato. O que é que fiz dela? Como é que me faço dela? A verdade é que penso nunca ter me ocorrido. Sempre me esqueço de olhar as ruas antes de atravessar porque a música na cabeça é bonita demais, e o pior é que enquanto isso me conto histórias.
   De fato só posso ter brincado demais sozinha. Eu lembro bem quando pequena o quanto me divertia com as cores do meu quarto fechado. Era meu, e o baú de brinquedos minha cama. A cama mesmo era dos brinquedos enfermos. E pobre da minha mãe que sempre achava que eu me sufocaria lá dentro.
   Imaginar é o que sempre me consumiu. Faço isso até hoje com as realidades que tropeçam na minha frente. Nunca paro para ajudá-las a levantar, faço é cara de cachorro que não entende, e transformo o tropicão em outros mil tropicões iguais com razões e consequências diferentes.
   Portanto, entender o que quer me dizer não pode ser fácil, uma vez que esfreguei todas as realidades do que vejo e ouço em mentiras minhas simultâneas.

Foi sempre assim.

27 de fevereiro de 2010

A espera de uma peça

   Escrevo de um teatro-café-livraria que usa um jazz delicioso como som ambiente. Estou a meia luz com um dos olhos fechados enquanto escrevo. Não sei como posso fazer disso sentido já que não da para enxergar muito bem o que tento escrever. É que tenho um sono que está matando! Portanto, tento dormir de um olho só enquanto apoio a cabeça em uma das mãos. Cotovelo sobre a mesa. Odeio ser derrubada por isso. Mais um capuccino, e grande por favor!
   Muitos livros nas prateleiras pretas que também se encontram em paredes pretas. Já minhas unhas são vermelhas, quase cereja. E eu adoro o som de um saxofone! Estraguei todo o desenho de chocolate que ficava na espuma do capuccino e levantei a colher para esperar o resto de espuma escorregar de volta para a xícara. Vamos ao gole. Ótimo, está quente mas sem queimar a língua.
   Aguardo o horário do início da peça da noite com este bloquinho e uma lapiseira. Mensagem no celular!! Nada de importante. Esses sapatos machucam meus pés. E vejam só que interessante: depois de alguns goles do café, descobri uma frase escondida embaixo da espuma creme com bordas marrons. "Café Fazenda Pessegueiro". Hum... não consigo me imaginar comendo pessego e tomando café. 19:24.
   Sairei do cenário da minha própria mesa sem comentar minha pasta de estudos de música, que ocupa boa parte dela. E é claro que minha primeira reparação externa é um casal. Ele é bonito demais pra ela, e muito mais novo também. Pergunto-me se eles algum dia terão ideia de que foram fisgados pela minha falta do que fazer.
   Diminui a ponta da lapiseira para evitar quebras e lembrei o quanto eu gosto de escrever com canetas macias, mas me disse mentalmente: "ainda bem que estou sem nenhuma por aqui" e o motivo disso não sei. Hora de estalar o pescoço.
   Há algo em cima de uma das estantes pretas que não posso decifrar. Parece bem antigo. E quanto ao jazz, continua agora com um solo de piano. As paredes de vidro da entrada inundam meu lugar com carros e pixações. Muros sujos e prestes a cair. Uma árvore de troncos largos e fortes. Não posso ver sua folhagem. Ela está emoldurada pelo teto e pelo chão.
   A primeira folha deste bloco acaba de ser arrancada e amassada. Nada que preste. Preciso de um lixo e algo para arrumar esse hálito de café enquanto observo a entrada de novos personagens para o recinto. Nenhum deles me encantou a apresentar, portanto continuarei minha observação com um enjoo de quem não deveria ter tomado mais de um café. Merda, acabo de quebrar a ponta. Se fosse uma caneta isso não teria acontecido.
   Encontrei! Não um lixo, mas uma moça de blusa cinza e casaco vermelho sentada no bar. Ela mastiga a torta enquanto repara também nas paredes pretas. Já eu me acelero a escrever para não perder nada. Torta com cerveja? Está sozinha e impaciente com o celular na mão. O casal estranho de antes agora lê um jornal: "Jornal do Teatro", e eu não posso identificar quem é a moça com os ombros de fora da primeira página. 19:44.
   Quem está inquieta agora sou eu. E olhe que não espero ninguém. Meu fio de cabelo dourado ficou preso no livro, que parei de ler há pouco para começar minhas anotações. Um sopro. Voou pro chão. Cansei. Arrumo a pulseira no pulso esquerdo, coço a ponta do nariz e assopro outro cabelo. Um agora que está a me fazer cócegas. Estalo o pescoço de novo. A moça vai para o segundo copo de cerveja prendendo os cabelos longos e escuros.
   Mais dois casais. Argh! Assusto-me com uma tosse bastante alta atrás de mim. É, jazz, pode continuar pois ainda não arranjei um lixo. Meu cabelo cai novamente sobre o rosto. Reparo que estou sozinha numa mesa pra quatro. Já posso começar um bom poker com as cadeiras, elas só precisam me ensinar.
   Coincidência ou não uma estranha acaba de perguntar: "vai usar essa cadeira?". Fiquei tentada a convidá-la para meu poker de madeira. Mas achei melhor pagar minha conta. Maledeto! Máquina do cartão quebrada. Não posso precisar de um táxi. Buzinas da inundação poluída lá de fora acabam de me assustar. Onde é que eu acho um lixo?
   Dois cafés e meu sono ainda é mais forte. Dormirei então de olhos abertos em fixos para disfarçar. Terceiro copo de cerveja. 20:06. Hora de pegar os ingressos. Retificando: o ingresso, a não ser que eu pretenda levar as cadeiras comigo. Nada de lixo. A bola de papel vai pra dentro da minha bolsa. Agora um solo de saxofone.
   Desligo o celular. Sono, sono, sono... Quanto sustos são possíveis numa noite só??? Acabam de derrubar uma garrafa cheia d'água. Sou a única pessoa sem companhia do bar. Começou a fila para entrar na peça e enquanto eu estiver lá dentro todo esse jazz e burburinho irão continuar.

25 de fevereiro de 2010

Oh, não!


   Estou numa fuga de correr atrás. Quero muito algo que consigo quase todos os dias. Porém, no instante do conseguir, fujo. Quase como um cão que corre atrás do próprio rabo! Já o tenho, mas sinto que não, e ao morder percebo que está ali, porém largo sem saber o que fazer com isso. Além disso, não suporto platéias. Esqueço como se fala.
   É uma espécie de loucura que se fantasia de timidez no piscar dos meus olhos. Pois bem, o que é que faço com isso agora? É um atraso de percurso! Isso sim! Ou não. Talvez se trate de um disfarçar de incerteza. Mas agora estou certa de que a incerteza não é minha. Mentira. É minha sim e também de outros, que como eu, não sabem se afirmar.
   Oh, não! Acabo de me dar conta que a incerteza não toma só a mim e aos outros apenas, mas toma também a sanidade dos que a tentam solucionar. Melhor então seria deixar incerto para manter a sanidade. Certo? Sim, certo seria se não fosse o contratempo de que agora já ensandeci ao procurar o que é que está dentro dessa toca.
   Fico feliz apenas por não terem me aparecido ainda coelhos atrasados e gatos falantes. Uma vez que nessas condições eu teria que ter também um gato, comer coisas para crescer e descrescer, além de já apenas estar incerta, insana e tímida.
   Oh, não... oh, por favor, de novo, não!

10 de janeiro de 2010

Sem donos

   Dois morros amontoados de mato comprido e barracos prestes a cair. Nessa favela imunda tudo estaria como se vê por aí, se não fosse o lago que separava os dois grandes bolos de terra. Claro céu azul, sem sol. E um tronco caido no meio da poluição do lago: única ligação entre os morros.
   Neste momento me tentei a dar nome as pessoas que estão prestes a aparecer, mas errado seria limitar o que vi num sonho a nomes que ouvi enquanto andava pela vida.
   Bonitos. E também por completos fora de época. Ele de terno branco de neve; ela de vestido cor de açúcar, comprido até o calcanhar, gola alta do sufoco e mangas compridas. Uma noiva dos anos 30. Rendada, florida.
   Eu peço que me perdoem, pois era como se eu estivesse atrás desse homem que a olhava de forma que não sei definir. Era quase tão branca quanto o vestido, loira de cabelos escuros, curtos e penteados para trás; lábios cor da rosa e olhos desesperados, perdidos em um medo ardido que haviam roubado toda a luz da cor azul.
   O que faziam em pé no tronco? Com água até o pescoço e ligados pela cintura por uma corda grossa e firme? Deviam estar gelados. E eu não podia ver aliança alguma. Lixo. Sombra. Medo. Mãos que se seguravam apertadas. Um olhar que não se largava. Agonia. Aflição. Paixão. Angústia. Ela com sobrancelhas curvadas como as de uma criança, mordia os labios. Olharam-se com aceitação, e com um forte suspiro, engoliram as lágrimas que não desciam pelo nó da garganta.
   Pularam. Despencaram pesados como âncoras e com os olhos fechados, terminaram deitados no fundo do lago. Rodeados de lixo. A água borbulhava e gritava seu próprio som pelos meus ouvidos. Fervia sem queimar e subia para o ar. Tentei com força nadar pra baixo. Eu não podia mais alcançá-los e, portanto, o lago secou.
   Um vestido e um terno de mangas dadas. Limpos no barro seco. Sem nomes, sem corpos, sem esqueletos. Sem donos.

Eu vi num sonho. E hoje, por ironia de denominação, encontrei a trilha sonora perfeita: Priscilla Ahn - Dream.