29 de outubro de 2009

Cócegas

   Esta luz afiada da manhã quase tarde está ardendo meus cílios pintados de preto. Não vou fechar a janela. Alguém precisa ser avisado sobre a falta de funcionamento destes cobertores acinzentados: estão vazando água e ainda por cima não me escondem do sol. Mas são tão bonitos... quase mar nervoso de ponta cabeça.
   Pois ouçam, se o céu fosse mar e o mar fosse céu, é certo que paulistanos se machucariam muito nessas agulhas habitáveis.

Sinto cócegas nos pés e perdi o jeito pra fazer poesias.

23 de outubro de 2009

De novo

   É como se uma onda de preocupações aterrorizantes cobrisse meus olhos. Ardem, como se eu não tivesse dormido, ou como se tivesse chorado por horas. Não o ocorreu. Não hoje. O dia é que está ardido por estar. Eu não. Estou bem. Muitíssimo bem. Mas só por estar bem não se deve dizer que o eixos estão certos. Eu guardo um grupo de pensamentos inteiros de preocupação.
   Uma cortina fechada, outra quase toda aberta. Quase, quase. Estão desalinhadas e pra sair da repetência hoje não me importa. Elas estão certas tortas. E tortas certas me deixam por trás de uma moldura singular, que enquadra, ou enretangula, telhados vermelhos, prédios convencionais, ou pontigudos e uma construção imensa e redonda. Toda esta paisagem está suja por um verde afogado.
   Ouçam este suspiro desconfortável de quem caiu pelo Amor de novo.
Eu amo de novo, e de novo, e de novo, e de novo...