24 de junho de 2009

Bando de desorganizados

   Vamos lá. Mais um daqueles dias em que acordo ansiosa, tomo banho frio e volto a dormir. Uma hora depois. Outro frio na barriga, outro choque térmico e volto a dormir. Mais uma tentativa, mais um banho frio e não vou dormir de novo. Que falta de senso! Espio os que ainda me tem carinho: "você sumiu, cadê você, o que anda fazendo, aparece..." Pois ouçam, pra mim eu existo o tempo inteiro e viver comigo é duvidar da própria existência. Não me sumo e não me suporto.
   Afta embaixo da língua e um torcicolo safado. Estalo o pescoço a cada pausa para selecionar o que digo aqui. E isso é mera descrição auxílio de imaginação, verídica, porém, descrição. Um bom complemento de tudo isso seria pintar essa mesma cena usando meu moletom velho e laranja ou falar sobre o tic-tac preto que segura a franja do novo corte não tão adorado de cabelo. Não é meu maior incômodo.
   Uma verdade existe e me proíbi de falar sobre ela. Eu estou na medida do possível bem e não quero compartilhar uma vírgula do meu tema destruidor desta vez. Mas meu quase sossego vem de dizer e eu preciso registrar que estou a beira da explosão da raiva por conversar tanto comigo. Como cabe tanta antagonia em um corpo que viveu a mesma vida? Digo-me duas, como se cada uma tivesse um histórico próprio. Agora dor nas costas. São duas histéricas de coração ardido. É um monte de gente em mim que não sabe se acertar.

   Não estou rumando a nada. Boa quarta-feira.

14 de junho de 2009

Ardendo tintas


   Não. Pra qualquer saída que eu mesma desenhasse meu suspiro ardia berrando não. Costumava saber me safar. Sempre bastou regar minhas paixões extra-amor com lágrimas e tudo voltava ao confortável. Bastava chorar escrevendo, bastava molhar o violão, bastava brincar com tintas. Mas agora, essa falta de opinião para algo que deveria ter se formado a tempos está me condenando a ardência da carência. Não fico bem. A não ser quando.
   Dependência pura, quem sabe líquida, dessas mentiras que me conto. E tudo isso porque sempre me criei na fantasia. Escrevi meus fins e agora não consigo mais sair de um roteiro que não elegi como final. Só consigo gritar socorro. E nesse filme alguém com maior carinho do que eu tenho por mim precisa me recolher. Aproveitem-me.
   Falta crença na minha realidade, falta confiança nos meus reflexos. Falta a bomba atômica do meu rumo. Falta aprender a acreditar. Falta muito. E cada dia mais eu tenho impressão de que serei daquelas que dura pouco.
   

2 de junho de 2009

Madrugar

   Muda-se de humor muito. Muito algo, não sei se depressa, se demais, se. Portanto algo. Ando ocupada. Com muito e com nada. E me mantenho em frases curtas porque me enfio em prolixidade quando resolvo dizer demais. Na verdade hoje nem tenho o que dizer. Poderia descrever minha gripe, mas ela já incomoda uma pessoa só o suficiente. O ministério da saúde deveria advertir que isso não é de se dividir.
   Perdi o sono hoje lá pelas 03:49 em ponto - dizia meu celular. Não tinha e não tenho mais o que assoar, mas que faço? Papel e caneta. Voltei a tentar compor. Meu violão em outro cômodo, incômodo. Credo! Relendo tudo que disse me vi numa crônica de quem madruga e bebe café a meia luz da cidade grande. Não que eu não me encaixe nessa sentença, mas costumo falar do que não costumo dizer. Ou pelo menos sempre tento falar o que não se dá pra dizer e fico por não conseguir.
   Gostei do cenário: caneca branca, cortina entreaberta, escuro, riscos de luz no chão e quadrados dessa lá fora. Uma freada, um susto, uma batida. Tudo pela moldura da janela. Uma moça de roupão ficaria bem aqui. Mas não a quero. E nem quero nada disso, só achei interessante como filmei isso em mim.
   Por falar em filmes, não costumo indicar nada, porém: Romance.