31 de março de 2009

Triz

   Não sei. Na verdade nunca sei, e desaprendi muito do que me ensinaram só por questionar as teorias. Medo. Sei do que me sou do que me faz, mas o que é que me é? E será que me sou? Ou meu sou chegou a me encobrir de não ser o que me está? Pra desajustar eu só simplificarei explicando que não sou nada boa no que faço. Talvez boa. Mas me falta a otimização de algo mais específico, e é esse me ser desfalcado que....o que? Caí do rumo.
   O que me é devendo ser?

Boa tarde.

28 de março de 2009

Gota de choro


   Digo gota de choro primeiramente por uma piada interna e em segundo plano porque, após o episódio, lágrima me perdeu a função. É como se gota de choro ardesse no momento: dizer, e lágrima funcionasse como extravio do que sobrou. Há meses tinha controle do acontecimento transformado em memória, mas como acostumei a dar chances as desregras, aqui estou, de peito inquieto para puro clichê de dizeres femininos.
   Essa ventania, que sai do aparelho de falar, esfria meu umbigo. Perdi. Perdi. Perdi. Mal posso dizer, mal sei se é fato a perdição. Minhas migalhas de Maria que larguei seletivamente para não despistar o caminho de volta para casa, João comeu. E nem a bruxa má nos deixa comer a casa de doces. Culparei os passarinhos, eles é que permitem o costume.
   Estou bem no meu bem, na medida em que ainda consigo me divertir de mim. Fui sozinha ao cinema. Lágrimas não gotas. E por 20 minutos de caminhada até um teatro, achei que estava salva e segura embaixo da garoa de São Paulo, por entre os concretos mudos e expressivos da Avenida Paulista. Além disso, o que anoto sempre para não esquecer do meu salvar é o que faz desse eu que aqui trepida, mim. Minha básica fórmula é ressaltar que renasço dos meus prazeres.


Conto de fadas, me escuta. Não te desconfio, mas o livro está longo de viver sem razão.  
Foto por: Natália Facchini

23 de março de 2009

Saudade de borboletas

 Aparentemente, hoje o que obviamente me faria bem, palpitou. E é uma saudade de menina que não me basta enquanto danço com os ombros sentada na cadeira. Se fosse outro final de semana? Não sei. Mas sinto um frio na barriga bom de lágrimas. Só para ansiedade das histórias que me conto antes de dormir. Misturo o que me existe com o que queria e não queria, como se atuasse pra mim.
   O que fiz com meus eternos foi despercebido. Na verdade é como se as fadas estivessem adormecidas no meu estômago. Espero que minha infância não durma. Mas a verdade é que sinto muita falta de um grupo que fosse cinematograficamente meu, e de uma nuvem branca.
   
   
Meus olhos ardem, mas importa o fato de ter borboletas.
   

10 de março de 2009

Preguiça de ar


   Criei o maldito hábito de pensar que o fato de assumir minhas preguiças, me desculpam delas. Como se toda a culpa que carrego por não ter a concentração suficiente para abrir o jornal pela manhã, fosse facilmente lavada de mim por ter consciência do episódio. Resquícios de infância talvez. Sei que procrastino e afirmo que isso é inadimiscível, apenas repetindo o que acabo de dizer. Afinal esta minha última frase nada mais é que um exemplo do meu rastro de desculpa esfarrapada para não entrar em ação de novo. Faço sentido? Sinto, se não.
   Não consigo me ater a simplicidade das muitas palavras que posso usar, e cá estou novamente desviando do que deveria concluir uma reflexão de meia noite. Não leio o necessário. E tampouco estou consciente de todos os novelos de lã da política. Não sei quanto está o dólar, mesmo sabendo que qualquer informação, hoje, corre para mim com um simples clique nesta máquina que me consome os minutos úteis. Sem-vergonhisse minha; assumo minha alienação com repulsa própria.
   Uma grande verdade contraditória é que tenho pais formados em história, economia e administração. Que já estiveram envolvidos com a saúde, a educação, o meio ambiente e que, para meu orgulho, não deixaram a ditadura me cuidar. Não posso e nem quero de forma alguma então culpar minha criação. Tenho, e sempre tive, acesso à informações.
   Tenho estudo. Mas o que me desperta vem da inocência das crianças, da graça dos sorrisos, dos silêncios bem pensados, dos suspiros atormentados e das ficções encantadoras de quem possui uma criatividade ininterrupta. Eu venho do que não se diz. Olho o que deveria escapar e fervo uma sensibilidade tão grande que é o que me impede de ficar calada. Não sei tanto do mundo quanto gostaria e digo até que é mesmo preguiça de me esforçar, mas o que me atrai é um perfume do surreal, da arte do que não está aqui e do que é impossível apalpar. Minha querida Clarice, eu te digo que sou sua doçura de burrice, mas só em relação ao que é notícia nesse mundo real e cheio de ar.

Ah! E é claro que eu também tenho tendência a rimar.
Foto por: Natália Facchini

1 de março de 2009

Vem, serei


   Eu tenho em mim o espírito de um grande espetáculo musical. Quero dança, sou música e gosto de sentimentos excessivos. Vem teatro, falto-te. Isso não sai de mim. Não vai sair. Não pode sair. Não tem que sair!! Isso coração, agora, nesse agora que acabou de se esvair ou nesse agora que está por vir, pula de novo. Bate forte assim e cerra meus olhos, sorrir. Isso é meu caminho e por que é que minha rotina insiste em te deixar pra lá? É nisso, nesse isso que meu espelho desembaça, que meus óculos de grau perdem o uso. Que eu me lembro de não esquecer de mim.
   Na imensidão azul escura de uma brisa marinha, vi-me indo em direção ao nada, um paredão que não se movia, mas que por mais que eu corresse não encostava. Até que decidi então parar de olhar para trás, para frente ou para os lados. Estrelas. Por instantes eu coube em mim, e o que estou tentando fazer aqui é prolongar um momento em que explodi o que se é. O que me é. Submergi ou emergi no que eu quero e deveria ser.
   Você, que não sabe que o que vou dizer agora é para você, absorvi o que a sua fulgacidade me deixou. Serei sereia. Só porque me bateu de vez.
Foto por: Mayara Facchini