25 de abril de 2009

Para quem me lê

   Percebi que meus leitores disso aqui as vezes acham que misturo nada com nada. E vim tentar fazer-me clara. Não sou triste escutem bem, quem me viu sabe das agudices que soluço ao rir. O que acontece é que não desligo. E gostaria de hoje recomeçar muito. O problema é que as letras pra mim só correm quando estou em imensa ardência. Quando estou em euforia me ocupo em demasia de viver. Isso não é justo com a felicidade toda que tenho em mim por me ser como gostaria. Em grande parte, obviamente.
   Achei então que poderia tentar, pois não quero decepcionar nem um pouco o que tem me feito sorrir. Acho apenas que com meus fios dourados não é de agrado citar nomes. Esquecerei alguns e isso não demonstra menor relevância, é apenas uma questão de ultimato de ocorrência.
   Percebe-se bem que em todas essas linhas ainda não consegui dizer. Quero cantar e dizer músicas que melodiem melhor o que dá frio na barriga aqui. Mas por enquanto é secreto e é meu segredo. Uma queimação que faz barulhos de trotes de equinos. Ai de mim. Ai de quem sente o próprio mim. 

24 de abril de 2009

Conjuga-me


   Eu sofro, tu sofres, ela sofre, elas sofrem, nós sofremos. Ele sofre? Eles sofrem? Isso é babaca. Mas o que eu tenho é saudade tanta que quase chego a transbordar o que não deveria dizer. Eu decidi. E aqui estou sem poder/querer fugir. Tenho tanto a dizer que prefiro não o fazer. Quando se sente demais perde-se o fluxo bom da consciência. Então aqui opto apenas por me expressar em partes. Gosto da palavra segredo.
   Mas é que hoje eu queria saber se deveria ter sabido antes de me deixar saber. E todos sabem o quanto eu me aplico em forçar o que não faz sentido, já que se o que tem sentido faz sentido então o que não tem também não deveria fazer. ?. Vão atrás.
   Me digam. Por favor só me digam. Eu tive um sonho ruim e pela primeira vez em todos meus anos de dançar com as palavras, eu não sei o que devo usar. Quero enxergar. Mas tenho medo de quebrar algum vidro.

Subconsciente em sonho é algo forte demais.
Foto por: Natália Facchini

17 de abril de 2009

Relógio-Pavil

   Coloco limites pra mim. E que fique claro e explícito pra quem não me viu que meu pavil é curto. Porque quem viu. Sabe-se o final da frase caso eu tivesse utilizado uma vírgula e não um ponto. E de verdade não era sabe, era conhece o chorar. Mas não vou ressoar. Estou tentando. Mas é que reconstruir fica complicado sem cimento. Sem estou. Sigo até quando acabar o que decidi. Redecidir? Melhor comprar um relógio que conserte. Traga.
   Portanto venha, porque cansei. Sem as horas não se conta o dia. Farei de fingir então meus minutos. É mentira, é deve quase com certeza. Simbolize a expressiva. Disseram-me que na vida real ninguém arrisca dançar na corda bamba. Bomba!
   02:00. Será esse meu ponto final. Acendi o pavil.

Confia em mim?

15 de abril de 2009

Alice precisa

   Sair pela porta de trás não existe. Vai fazer o que com o branco? Chamá-la-ei de Alice, porque quem sabe do que se trata também sabe que ela está no caminho para existir. Porém se a pego cantando, mato-a. Não é dia de cantarolar - eu disse a menina. Há novos contos não contados nas ruínas, pergunte ao moço. Almoço. Hora boa de relembrar que seu pai não lhe inventou um sobrenome. Casar.
   Por entre os fios bagunçados dos cabelos, grama. Não me culpe, sei só que ela gosta de correr. O felpudo verde é quem permite. Curtas pernas finas enroladas em vestido branco de alcinha. Ela então se senta no muro destruído de tijolos e desliza as unhas roídas. Por que não são vermelhos? Vai atrás da formiga.

   O antes é tão pouco que quase não deixei a moça nascer. Mas, a porta de trás. Há porta de trás.
Foto por: Fernando Borges

Deveria ser dito

   ... que hoje eu queria dizer muito. Todas as palavras, tópicos, idéias, sensações, vontades, saudades, e a falta de representação do que ocorre nessa velocidade de desejo de expressão resolveram se enfiar em mim. Mas tanto veio que nada foi. O que está aqui nem sempre é. E as vezes é só o que está. Texto. Muito do que veio não cabia e o que me mantém viva é que... há uma promessa de algum dia. Desassocie. Existe aqui algo que merece expressão individual. Trato de dois assuntos.

13 de abril de 2009

Meia

   O que se ouve agora são violinos. E também um celular vibrando na madeira. Susto!! Meu relógio apita e eu não posso esquecer meu remédio. Sinto que se talvez eu fizesse força para levantar e calçar minhas meias nada seria como é. Influências. É, meia. Meia-noite e seis para ser exata. O solo de violino está cada vez mais ardido, e como não sou de pouco, aumento o volume para sentir o arrepio iniciado nos ouvidos.
   Tampouco parecem meus cílios se ajustar e sei ser incômodo de pós chorar. Nada grave. É medo de motivo que ocasiona esperar. Meu frio na barriga hoje está impuro, misturado com uma ânsia de vômito danada. Cortaram-me a música e portanto perdi o que ocorria para destrinchar. Sei só que falta algo aqui. Vem?
   Vou dizer lembrar do que me tem sido dito. Porque acredito. Mas pareço apreciar uma boa indecisão.
Estou tomada.

2 de abril de 2009

Desenho de letras


   Sem fugir do título, o que está prestes a ser escrito apenas será o que já é em rascunho e nas mãos de quem gosta de escrever. Porém hoje parto do princípio que nada aqui corra por entre os olhos com sentido. Aposto que isso mesmo não fez. O que quero dizer é que se fugirmos do sentido relapso de apenas informar ou desabafar, temos aqui símbolos gráficos fatais de artesanar.
   Sempre me fascinei por onomatopéias e a representação de som, e ainda me atentei a anotar que crio-as se quiser para o que vier. "Fssiiii" escorre no dizer cheio de ar, agudinho, como uma varinha mágica sendo rapidamente tirada do bolso interior de uma jaqueta. "Blomp" me assusta por pesar. É lerdo. E que som te prefere?
   Mas além do que já é de costume e se eu fizer uso do que se lê para pintar? "ouo" com sua falta de sentido e seu nada de elevações, são círculos ou semi círculos com breves duas quase retas. Desenha-se tão bonito! Só não mais que "ili" que perderia a graça se pintada em caixa alta. "ooo, uiu, dob, wmw, S8S, 0o0, O0oo0O..." Não me fiz clara. Acho. Mas nem em todas as palavras combinaram de combinar o desenhar de letras maiúsculas com suas pequenas.
   Não sei bem mais por onde continuar. Sei que além de tudo isso, "apaixonar" olha-se melhor na minha letra de mão. Deve-se utilizar acentos como decoração.
Foto por: Thaynara Macário

1 de abril de 2009

Febre

   Decidi que não caibo mais aqui. E portanto me vou, e virei somente quando tudo divagar. Minha pressa urge hoje, mas é por pura insistência que desminto aqui o dizer primeiro. Não vou nada. Afinal essa é a brincadeira do dia hoje. Obssecada pelas últimas gotas, pelas últimas contas que terminam um colar eu pretendo me manter observando.
   Sei que nada do que venho dizendo por dizer sai do jeito que costumeiramente sairia. Mas meus dedos correm tac tac tac tac e não ouço mais o que me estava sussurrando. O que eu sei fazer é. E ponto. Só de ser já é. Resto aqui num apenas precisar de saber o que. Matei-me de conteúdo de mim e reneguei os que não brotaram da inocência da ignorância.
   Melhor ler algo. Depressa. Com pressa. Compressa.