12 de março de 2010

Baú mágico

Distorço o mundo como quem não sabe ver puro, transparente. E a minha distorção é tanta e há tanto que não acho mais que possa caber na realidade. Atirei-me pra fora disso enquanto atiravam o pau no gato. O que é que fiz dela? Como é que me faço dela? A verdade é que penso nunca ter me ocorrido. Sempre me esqueço de olhar as ruas antes de atravessar porque a música na cabeça é bonita demais, e o pior é que enquanto isso me conto histórias.
   De fato só posso ter brincado demais sozinha. Eu lembro bem quando pequena o quanto me divertia com as cores do meu quarto fechado. Era meu, e o baú de brinquedos minha cama. A cama mesmo era dos brinquedos enfermos. E pobre da minha mãe que sempre achava que eu me sufocaria lá dentro.
   Imaginar é o que sempre me consumiu. Faço isso até hoje com as realidades que tropeçam na minha frente. Nunca paro para ajudá-las a levantar, faço é cara de cachorro que não entende, e transformo o tropicão em outros mil tropicões iguais com razões e consequências diferentes.
   Portanto, entender o que quer me dizer não pode ser fácil, uma vez que esfreguei todas as realidades do que vejo e ouço em mentiras minhas simultâneas.

Foi sempre assim.

Um comentário:

  1. "Those who dream by day are cognizant of many things which escape those who dream only by night." Edgar Allan Poe

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