9 de fevereiro de 2009

Mi


   Estava dentro de um ônibus. Estava, estava sim. Eu sabia. Mas naquela sensação de não existir, como se nada, por mais ativo que fosse, tivesse vida. Ouvia meu nome, e perguntas. Respondia-as por impulso sem dar muita atenção ao que era dito. Desculpem.
   É que ando numa aflição tão grande de não sentir, que sufoco. E suspiro algum alivia. Na verdade, que suspiro? Não sinto nada, e isso não é de mim. Sinto demais e digo isso com sinceridade aguda. Não me aprovem, muito menos tentem me bajular. Ando com os nervos à flor da pele , e digo até que a flor já virou espinho. Não me faça graça. Vai ver que cansei das conquistas, perdi a doçura da subjetividade de um elogio. Soaria prepotência demais afirmar que estou completa por estar incompleta? Oras, silêncio. Estou quieta. E pretendo continuar no sossego.
   Passe cá meu violão, ou outro qualquer. Mas não espere que te mostre bom som. Toque a sexta corda incessantemente. Sente-se distante? É, são meus ouvidos.
Foto por: Hilton Facchini

Um comentário:

  1. Se vc tivesse pegado meu violão, seu poema-em-prosa se chamaria Ré...
    Seria mais grave...

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