10 de fevereiro de 2012

De bege


Hoje tranquei meu passado. Tranquei na cor bege, porque o lilás não servia mais. Não servia porque ficou pequeno, ou então porque ficou tão largo de saudade que me esmagou, como se esmaga uma barata com o chinelo.
A diferença é que a barata esmagada fica lá espatifada, espalhada, pedindo pra que eu admire o nojento e enfrente o medo. Foi justamente o que fiz com a tranca. Espatifei o medo de bege.
Ou será que quando eu levantar o chinelo, ele vai escapar em velocidade de novo?
De qualquer forma, eu vou gritar...

2 comentários:

  1. Parabéns! Ainda não consegui fazer isso com o meu. Quando penso que consegui, ele aperta no peito pra lembrar que faz muito parte de mim.

    Não nos deixe muito tempo sem seus textos mais!

    beijo

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  2. Acho que todos nós, depois de um tempo, trocamos nosso passado do lilás, amarelo ou verde para o bege. E ficamos lá... com medo dele escapar mas morrendo de saudade dos tempos em que ele estava trancado no lilás, no amarelo ou no verde.

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