1 de dezembro de 2009

Madeira clara

   Abri a janela pra combinar o dia triste lá de fora com o meu dia de triste peito. Percebi um hábito. E era uma intenção ardida de chorar mais do que cabia, do que podia, do que faço costumeiramente, do que fiz esses todos dias. Não o fiz por motivo atípico. Pois, quase como se meus olhos quisessem se suicidar, arrastei o olhar pra baixo e me deparei com uma janela aberta por completa e sem medo nenhum da nuvem preta que me tragou.
   Era mais um moço de vermelho, dos tantos que deviam estar de vermelho hoje. Regata também neste dia que está mais pra frio. Errou a roupa comigo. Deve estar perdido ou então morre de preguiça. Com um aviãozinho de papel tentei avisá-lo que estava sozinho:
"Moço, olhe bem que não há sequer móveis neste seu apartamento! Levanta depressa daí que este seu deitar só no chão, de madeira clara, deve ser dor no peito de quem não veio, não veio, não veio..."
   

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