14 de junho de 2009

Ardendo tintas


   Não. Pra qualquer saída que eu mesma desenhasse meu suspiro ardia berrando não. Costumava saber me safar. Sempre bastou regar minhas paixões extra-amor com lágrimas e tudo voltava ao confortável. Bastava chorar escrevendo, bastava molhar o violão, bastava brincar com tintas. Mas agora, essa falta de opinião para algo que deveria ter se formado a tempos está me condenando a ardência da carência. Não fico bem. A não ser quando.
   Dependência pura, quem sabe líquida, dessas mentiras que me conto. E tudo isso porque sempre me criei na fantasia. Escrevi meus fins e agora não consigo mais sair de um roteiro que não elegi como final. Só consigo gritar socorro. E nesse filme alguém com maior carinho do que eu tenho por mim precisa me recolher. Aproveitem-me.
   Falta crença na minha realidade, falta confiança nos meus reflexos. Falta a bomba atômica do meu rumo. Falta aprender a acreditar. Falta muito. E cada dia mais eu tenho impressão de que serei daquelas que dura pouco.
   

3 comentários:

  1. Esse tempero que você coloca nas descrições de vazios internos, sabe lá como, passam um sentimento muito preciso!!! Vejo isso com um imenso virtuosismo com as palavras, mas soa natural como chuva chovendo de cima pra baixo! Sinto por vc, mas ver sua arte me alegra... =)
    beijos May!

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  2. De tanto se doar, talvez chegue um momento que acabe. Mas tem tanto aí dentro. Mesmo que seja vazio, se é assim que sente, tem muito vazio. E o vazio demora a ser preenchido, mais do que esvaziado, como uma bexiga. Portanto, durará muito! Fico feliz por isso.

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  3. Seu texto é atômico! Seu texto é seu rumo...
    é sua descoberta. Sucesso!

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